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omas Eldan é um
escritor meio depressivo e anti-social que está passando por problemas
criativos ao escrever seu próximo livro, e seu casamento está passando por uma
fase delicada. Eis que ele se envolve em um acidente que torna tudo mais
complicado de lidar.
Tomas é interpretado por James Franco, que faz um bom trabalho
em mostrar ao público o quanto um acidente pode abalar o espírito de um homem,
e o ator o faz com poucas palavras e olhares intensamente expressivos. O
personagem passa por um desenvolvimento bem interessante, retratando o que um
sentimento tão forte é capaz de fazer depois de anos sendo guardado, afetando sua carreira e a sua família.
Charlotte Gainsbourg interpreta Kate, a mãe que perde um dos seus filhos, a
atriz está bem e transmite bastante tristeza e como é desnorteante passar por
isso. Mas a personagem permanece apenas nessa interpretação, não se desenvolve muito
além disso.
Rachel McAdams interpreta Sara, uma mulher que se preocupa com o
seu marido e pretende formar uma família com o mesmo, mas ela tem pouca presença no filme, mesmo sendo importante, e o sentimento que fica é que a atriz não foi muito bem
aproveitada.
O filme possui uma sutileza interessante, e recompensa os que
prestam atenção nele. Por exemplo: se você não estiver atento para um diálogo,
acaba perdendo explicações para uma situação futura.
Lembra um pouco o filme “Boyhood”, pois passamos por muitas
fases da vida do escritor e da mãe, Kate. Os lapsos de tempo às vezes são
passados claramente, imprimindo na tela “dois anos depois”, e outras vezes o
filme só mostra que o carro do protagonista mudou, por exemplo, retratando que
se passou algum tempo, deixando as coisas mais orgânicas.
A atmosfera depressiva paira sobre o filme o tempo todo, e as atuações
são semelhantes para todos os personagens. Uma das únicas vezes que notei alguém
saindo dessa tristeza foi em uma das cenas da atriz mirim Julia Sarah Stone, assistir a atriz sorrindo foi como ver o sol raiar depois
de passar um dia na escuridão.
Verdade seja dita, temos aqui um drama muito lento e não é para
qualquer um. O tom é o mesmo do início ao fim e sem momentos grandiosos.
O arco de Tomas com o seu pai não foi bem explorado, a meu ver,
foi só para reforçar mais o drama, mas acabou ficando desnecessário.
O maior problema do filme é a trama, que é vaga. Talvez se o personagem
principal fosse o menino que perdeu o irmão a história seria mais emocionante e
dramática, mostraria a tristeza por perder alguém tão próximo, a raiva em ler
os sucessos que o Tomas fez depois do acidente e ver que isso influenciou os
seus livros, o quanto a desatenção de um sujeito abalou sua pequena família, e
etc.
Concluindo, “Everything will be fine” é um drama para um público
paciente e que esteja disposto a acompanhar uma longa história sobre tragédia e
uma lenta recuperação. Recomendo, mas não espere por chorar e nem um sentimento
de esperança.
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